Não consigo entender as pessoas que acham que estamos neste mundo para passarmos por "calvários", faz parte da vida, dizem. E todos temos o nosso para cumprir. Penso que terá a ver com a tradição católica da nossa sociedade que está muito enraizada - mas isto sou eu a falar alto. Irrita-me porque associada a esta postura está um conformismo que me tira do sério. As coisas podem nem sempre correr como nós desejamos, mas, mesmo assim, eu penso (na minha infinita ignorância) que podemos sempre "dar a volta à situação". É na forma como lidamos com os percalços que nos vão surgindo que está o segredo. Em vez de pensar, de forma derrotista, e aceitar o que de "mau" nos surge, podemos sempre tentar ver as coisas de outro ângulo, mais positivo e aprendendo com o que, da nossa parte, correu menos bem, por em prática esse "novo" conhecimento. Não acho nada que estejamos fadados a um "calvário" e que temos de o aceitar da mesma forma que fazemos com "as coisas boas". Acho é que, na nossa vida, temos alturas em que flutuamos, tal o grau de felicidade que nos corre nas veias, outras em que o peso da gravidade se faz sentir de tal modo que quase não conseguimos andar. No entanto, tanto num caso como no outro, sabemos que "é passageiro", nesta montanha russa, às vezes estamos a subir, outras a descer. Temos de saber tirar partido de ambas as situações. Mas, sempre, sempre com a ideia que tudo vai melhorar. A esperança é que nos faz andar para a frente. Se eu me conformasse, encolhesse os ombros, estagnava e... depois era um sarilho.