Hoje foi o primeiro dia da série de tratamentos da quimio. Senti-me um pouco cobarde por não ter lá ido - mais a mais com a folga forçada do trabalho - sempre com aquela desculpa que só deixam lá estar um acompanhante e o meu pai estava lá. É inevitável. Sentir-me assim. Ia ligando de hora a hora. Tanto um como outro pareceram-me bem (de voz). Até terem chegado a casa ia acompanhando a situação (à distância é sempre mais fácil). Assim é fácil dar força e ânimo e tal e coiso. Durante a tarde resolvi não chateá-los. O mais provável é terem estado a descansar.
Será o primeiro de uma série deles. Vai correr tudo bem. Será complicado, por vezes. Bem sei. Serão algumas semanas atribuladas. Com inúmeros efeitos secundários. Alguns bem visíveis, outros bastante camuflados. Cá vamos, então. No final, o que sei e não tenho a menor dúvida, é que a minha mãe vai conseguir dar um pontapé, dos grandes, ao estúpido do cancro que a tem andado a chatear nos últimos anos, de forma a que não volte a importunar-nos mais.
O meu pai? Vai, também, aguentando o barco. São os dois uns autênticos heróis. Mesmo. E tenho imensa sorte em tê-los como meus pais. A ambos.