Fez ontem, dia 23, trinta anos que morreu o meu avô paterno Francisco. Não me recordo dele, era mesmo muito miúda quando tudo sucedeu - apesar de ter uma memória muito longínqua dessa noite, mas por outros motivos (de estar com os meus primos a tentar dormir e de reparar que os adultos estavam todos estranhos). Dele guardo as memórias que fui ouvindo e, com isso, tento construí-lo no meu imaginário. Morreu com 96 anos (mais coisa menos coisa) e até à véspera nunca tinha dito nada demasiado grave, em termos de saúde. Deixou um legado de filhos e netos (e agora já bisnetos) bastante razoável e uma mulher bastante corajosa (hoje não vou falar da minha avó Tina).
Fez ontem dezasseis anos que morreu o meu (outro) avô, o António. Por diversos motivos que não vale a pena referir agora, foi das ausências que me custou mais aceitar. Morreu com 78, mais coisa menos coisa, e comparado com a mulher (avó Zé), é como se nunca tivesse tido qualquer problema de saúde. Lembro-me muitas vezes dele. Mesmo. E há dias em que as saudades são imensas. Claro que ao fim de todo este tempo, já dizia o Einstein que o tempo é relativo, e depois de tudo o que se tem passado na minha vida, aprendemos a aceitar as coisas da vida de outra forma. Mas as saudades, felizmente, essas ficam. Era muito ligada ao meu avô. Muito. E ainda hoje me lembro de algumas das expressões dele. Recordo as coisas boas, claro - para quê pensar nas outras? - e acabo por sentir um conforto bom.
Quis o "acaso" que os meus dois avôs morressem no mesmo dia, com alguns anos de diferença. Será uma boa altura para os recordar e mandar um grande beijinho.
Apesar de eu ser contra o "comemorar" o dia da morte de alguém - sinto sempre que estamos a enaltecer o dia em que deixou de estar connosco - prefiro sempre recordar as pessoas que me são queridas no dia em que fariam anos (de nascimento). Hoje abri uma excepção.